15 de jun. de 2008

Coluna Master

A passagem da Tocha Olímpica

A Tocha Olímpica ou Fogo Olímpico remete a um mito antigo grego, aonde Prometeu roubou o fogo de Zeus para dá-lo aos mortais. Durante os jogos olímpicos da Antiguidade em Olímpia era mantido um fogo aceso enquanto durassem as competições.


Na Antiguidade, o fogo era sagrado para muitos povos, por isso, na Grécia, era comum que o fogo fosse mantido aceso de maneira permanente. Em algumas cerimônias sagradas em que se ofereciam sacrifício aos deuses, de maneira mais especifica, a Zeus, os sacerdotes acendiam uma tocha e o atleta que vencesse uma corrida até ao local onde se encontravam os sacerdotes teria o privilégio de transportar a tocha para acender o altar do sacrifício. O fogo era então mantido aceso durante os Jogos como homenagem a Zeus.


No ano de 1928, em Amsterdã, na construção do estádio olímpico, o arquiteto responsável desenhou uma pira e teve a idéia de acender um fogo nela. Na cerimônia de abertura, um empregado da empresa de eletricidade acendeu a tocha na cidade de Olímpia, e até hoje ela permanece acesa. Mas foi nas Olimpíadas de 1936, em Berlim em que pela primeira vez houve um revezamento de atletas desde o antigo templo de Hera em Olímpia, Grécia, até o estádio olímpico de Berlim, onde o fogo esteve aceso, mantendo as tradições da Antiguidade.


Tradicionalmente, o fogo é sempre aceso no antigo templo de Hestia alguns meses antes do inicio dos jogos e daí transportado pelos atletas por diferentes países até o país que será sede das competições.


A tradição se manteve com atletas transportando a Tocha, mas, algumas vezes essa tradição foi quebrada, quer por necessidade ou peculiaridades do percurso. Para a Olimpíada de Pequim que começam em julho de 2008 o percurso já começou e vários atletas já tiveram a honra de fazer parte dele. Mas, mesmo para as Olimpíadas, nem tudo são flores.


O mundo esteve ligado nas últimas semanas, na mais nova guerra civil e que na verdade já se prolonga há quase cinqüenta anos. O povo tibetano já luta pela mesma causa, sua Independência, há um longo tempo, mas ultimamente, como a luta é contra o país sede das próximas Olimpíadas, a mídia parece ter mais atenção para aquela parte do mundo e pode ver de mais perto, ou não tão perto assim, já que as imagens são cedidas pela TV estatal da China, o que está acontecendo. Monges, crianças, mulheres, homens, jovens e velhos, lutando por uma coisa que muitos de nós já temos: Independência.


Por causa disso, a Tocha Olímpica nunca teve tantos problemas e atrasos em seu caminho pelo mundo quanto agora. Em alguns lugares, como França e Londres, outros meios de transporte para a Tocha foram necessários no quantidade de manifestantes, pró Tibet e a favor da China pelo caminho. Na Argentina, a polícia precisou separar os manifestantes para que não gerassem conflitos entre os manifestantes de ambos os lados.


Mas será que a quantidade de manifestações que acontecem pelo percurso da Tocha, todas as aparições de presidentes, primeiros ministros e primeiras damas surtirá algum efeito nos governantes chineses e dará ao povo do Tibet a independência tão almejada por eles? Ou essa será mais uma situação de violência que depois que as Olimpíadas passarem cairá no ostracismo como a do Iraque ou será tão comum como a de Israel, que as pessoas mudarão o canal na hora do telejornal?


Eu gostaria de poder responder e dizer que a Tocha Olímpica trará benefícios para os tibetanos como trazia para os gregos, mas, infelizmente, “o que será do amanhã” só os deuses podem responder.

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