11 de abr. de 2008

Pecado, pecadinho, pecadão... Quem paga por eles?

Fernanda Soares

Ao longo da história do Mundo, sempre existiu aquelas pessoas que achavam que podiam mandar na vida alheia. Na Pré-História era quem sabia caçar melhor, depois veio os faraós, depois os grandes impérios gregos e romanos... Chegamos então a Idade Média, e com ela os senhores feudais e a Igreja Católica que nessa época se achava a “dona da bola”.

Além de achar que era a dona do brinquedo, achava também que era a dona da Europa. Até ai, até que não tinha tanto problema, ser dona de terras a perder de vista, pelo menos para nos, que não somos daquela época. Mas ser dona de um continente inteiro deixou essa senhora se sentindo a “Poderosa Chefona” da parada. Ter poder de vida e morte e além morte das pessoas que acreditavam piamente em tudo que se falava dentro e fora dos templos pelos sacerdotes. Nessa época era preciso que as indulgências fossem pagas e pronto, sua alma estava com um terreno comprado no céu, e mais, você podia comprar um terreno para quem mais da sua família você quisesse, contando que ela já tivesse abotoado o paletó de madeira.

Ter todo esse poder subiu à cabeça da gentil e antiga Senhora e ela achou que do jeito que estava não podia ficar. Pecava-se a vida toda, e no fim da vida pagava algo e pronto, estava salvo. A partir de então, somente alguns pecados seriam absolvidos pelos sacerdotes, os menores seriam facilmente perdoados depois do arrependimento e confissão – tacar pedra no gato que mia embaixo da sua janela até o sol nascer, depois de uma semana exaustiva esta entre estes – e outros seriam um pouco ou extremamente ruim que fossem cometidos pela população, tão ruins que o arrependimento e absolvição precisariam ser imediatos, ou era o “mármore do inferno” na certa.

Este último tipo de pecado ficou conhecido como pecados capitais ou mortais – se você assistiu a última novela das sete da Rede Globo, sabe do que eu estou falando – orgulho, inveja, ira, avareza, gula, luxúria e vaidade. Não necessariamente nesta ordem, mas nessa quantidade desde o século VI ou VII (a data não é muito precisa quanto a criação), mas no século XXI (exatamente onde estamos), o atual Papa, acha que é necessário uma atualização para acompanhar a globalização.

Os que eram sete, agora são treze.

Orgulho, inveja, ira, avareza, gula, luxúria, vaidade, modificações genéticas, poluir o meio ambiente, causar injustiça social, causar pobreza, tornar-se extremamente rico e usar e traficar drogas.

O pretexto que a Igreja usou para “criar” os “novos” pecados é que antes eles eram muito voltados só para a pessoa, o individuo cuidava só do próprio umbigo e o resto do mundo que fosse para onde quisesse. Não existia uma visão ampla do mundo e do eu como o outro. Com os recém agregados, o objetivo é fazer com que essa visão do mundo e para o próximo passe a acontecer.

Agora as perguntas que não querem calar são:

- Empresas de grande porte, como Aracruz Celulose, Vale e CST devem começar um trabalho de conscientização com seus funcionários para que o meio ambiente seja menos agredido ou só quem precisa se preocupar com esses pecados é o agricultor que tira da terra a subsistência familiar?

- Padres, bispos e cardeais vão deixar seus carros importados e cheios de acessórios comprados com o suado dinheiro do povo doado em dizimo e comprar carros populares com no máximo um ar-condicionado ou uma trava elétrica? Ou novamente a preocupação recai sobre o trabalhador que esperou 40, 50 anos para ter um mínimo de conforto na velhice?

E, cuidado, a senhora, dona de casa em bairro sem a mínima infra-estrutura, queimar o lixo para que sua casa não se torne berçário de ratos e baratas, agora é pecado mortal também, a senhora está agredindo o meio ambiente e sendo avarenta e vaidosa também. Afinal, não se oferece para queimar o lixo das vizinhas junto com o seu e o que são uns ratos e baratas a mais andando em cima do alimento de seus filhos.

A globalização me deixa confusa e deprimida.

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